quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Afinal também eu sou da geração NEM NEM. Nem funcionário público, nem da privada!











CRÓNICAS DE: josé Soluciolino

Ontem, terça-feira, mais de metade da empresa onde trabalho parou para ler uma "NOTA INFORMATIVA".
Nunca em tempo algum, uma nota informativa teve tal efeito num conjunto tão vasto de pessoas.
É que parou mesmo tudo.

A nota informativa começa assim;
Caros Colaboradores,
O que a meu ver deveria ser, Baratos Colaboradores, já que ficamos um pouquinho mais económicos. Era sobre isso. A redução dos salários.

E por falar em baratos, ocorreu-me um pensamento, nesta minha cabecinha pensante, que até me admiro como consigo pensar depois de ler as notícias materializadas na dita nota informativa.

Tenho três patrões. Um Estado e dois Privados.
O Estado, todos sabemos, está pobre, quase falido.
Quanto aos privados, a coisa já é diferente. Não estão pobres e muito menos falidos, no entanto, vão conseguir, sem esforço algum, o que nenhuma negociação salarial alguma vez lhes permitiu alcançar. Salários de crescimento negativo.
E só por serem patrões de dois tipos de funcionários:

Os que vão, com muito desagrado, chatear-lhes, e incomodar-lhes com reivindicações e discussões sobre aumentos salariais e regalias e tempos de trabalho e produtividade e outras contrariedades.
E em simultâneo, os que por artes mágicas da lei são, nem públicos nem privados, não terão espaço de negociação. O que foi decidido, foi decidido, e não há nada a discutir.

O incrível não é tanto o ganho dos privados.
É a sua natureza.
O incrível mesmo é a confirmação da regra que se aplica às ditas parcerias público privadas. Sei que não se trata do caso. Mas que se aplica a regra, lá isso aplica!
É que nesse mesmo dia foi anunciada a intenção do governo dos Açores de aplicar às empresas regionais de capitais públicos a mesma compensação aplicada à função pública.
Genericamente, ganham os privados. Sobrecarrega-se o público.
O que também acho incrível, é a constatação de parte da compensação que me possa ser atribuída, será financiada por mim e até pelos que ganham menos que 1 500€. Por todos os que pagam impostos. Genial!


Fomos preparados para isto com umas reuniões informais sobre "a mudança". Favor ver a crónica de 23 de Novembro de 2010 "Estava tudo calmo. Até que alguém falou na palavra mágica"
Fomos preparados com comunicações internas sobre A Aplicação da Lei do Orçamento Geral do Estado para 2011.
Reconheço que fomos preparados. Mas uma coisa é ouvir falar e outra coisa é ler no papel. E ver na folha de ordenado? Aí é que não há preparação que nos valha.

Apesar de não ser jovem, também me incluo na geração NEM NEM.
Nem funcionário público, nem da privada.


José Soluciolino

Sem comentários:

Enviar um comentário